No Conselho de Ética, Demóstenes diz que vai provar inocência

O senador Demóstenes Torres (sem partido-GO) foi à reunião do Conselho de Ética do Senado na manhã desta quinta-feira (12) para dizer que vai provar sua inocência. Demóstenes é acusado de ligação com a suposta máfia dos jogos ilegais, como o jogo do bicho e máquinas caça-níqueis, comandado pelo empresário Carlos Ramos Araújo, o Carlinhos Cachoeira. A quadrilha foi desmontada pela Polícia Federal na operação Monte Carlo.

— Sou inocente e vou provar minha inocência.

O senador goiano disse ainda que esse não é o momento, mas no dia específico vai apresentar seus argumentos e discutir "no mérito".

— Optei por falar no Conselho de Ética. Farei minha defesa primeiro por escrito e depois da forma mais contundente serei questionado. Por senadores, suplentes e todos da Casa, conforme o regimento. [...] Aqui quero me defender no mérito, quero provar minha inocência no mérito. O foro competente é esse e eu o farei.

O Conselho de Ética do Senado sorteou hoje o nome do parlamentar que vai relatar o processo disciplinar por quebra de decoro contra o senador Demóstenes. Após cinco tentativas, Humberto Costa foi o escolhido como relator. Os senadores Lobão Filho (PMDB-), Gim Argello (PTB-DF), Ciro Nogueira (PP-PI), Romero Jucá (PMDB-RR), Renan Calheiros (PMDB-AL) foram sorteados e recusaram a tarefa, por motivo de "foro íntimo".

Demóstenes foi notificado da ação na quarta-feira (11) e terá dez dias úteis para se defender, contados a partir de ontem.

O senador exige que regimento seja cumprido e se faça uma eleição do presidente. Na última terça-feira (10), a comissão foi presidida pelo senador Antônio Valadares (PSB-SE), que é o parlamentar mais velho do órgão. Ele assumiu o cargo que era do PMDB, já que o partido não quis indicar ninguém para a presidência.

O cargo de presidente está vago desde setembro do ano passado, mês em que o senador João Alberto (PMDB-MA) deixou a Casa para ocupar um cargo no governo de Roseana Sarney. O vice-presidente e atual presidente interino, senador Jayme Campos (DEM-MT), se declarou impedido de decidir por pertencer ao partido de Demóstenes — até o início do mês o senador goiano era o líder do DEM no Senado. No último dia 3 de abril, ele pediu desfiliação do partido para evitar um processo de expulsão.

Segundo Demóstenes, o regimento exige que se faça uma eleição e não apenas que o senador mais velho assuma. 

— Não vim para alegar qualquer nulidade. Me considero notificado ontem e apenas gostaria esse conselho elegesse definitivamente, conforme o regimento, o novo presidente antes de apresentar minha defesa, que farei por escrito. O regimento é claro. Quando a presidência está vaga, o mais idoso assume. Ausência é quando alguém adoece, não pode comparecer, está no seu Estado. Nesse caso [da comissão] não tem ausência, tem vacância. Nesse caso não há outra alternativa a não ser a eleição para presidente.

Cassação
Embora, na prática, a investigação ainda nem tenha começado, o presidente interino do conselho, Antonio Carlos Valadares (PSB-SE), admitiu na última terça-feira (10), quando decidiu pela abertura de investigação no conselho, que as chances de cassação são grandes.

— Olha, eu sou presidente do conselho, mas fiquei impressionado. Depois que 44 senadores, inclusive eu, manifestarmos confiança de que ele estaria fora dessas irregularidades, na realidade o que vimos depois é que havia um compartilhamento de ideias e de iniciativas entre o senador da República e um contraventor. O clima aqui no Senado, que antes era de torcida para que não fossem verdadeiras as acusações, hoje é de inteira decepção e frieza com o nome do senador Demóstenes Torres.

Parlamentares da oposição e governo comemoraram a instalação do processo disciplinar e colhem assinaturas para a abertura de uma CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) para investigar a ligação de outros parlamentares com Cachoeira. Além do processo no Senado, Demóstenes é investigado também em um inquérito aberto no STF (Supremo Tribunal Federal).

Do R7